A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação – CNTE, entidade sindical que representa 50 sindicatos de profissionais da educação básica em todo o Brasil, vem a público manifestar o seu repúdio à invasão policial da Escola Nacional Florestan Fernandes – ENFF ocorrida no dia de hoje em Guararema, na região metropolitana de São Paulo.
Como centro de educação e formação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a ENFF já mereceria todo nosso respeito e admiração só por compartilhar uma das dimensões mais importantes e caras para os educadores: a formação para a cidadania por meio da consciência e identidade de classe. Inaugurada por nomes como Chico Buarque e Sebastião Salgado, e reconhecida no mundo inteiro como um centro de referência na educação e formação de trabalhadores e trabalhadoras rurais, a agressão desmedida perpetrada no dia de hoje pela Polícia Militar do Estado de São Paulo causa perplexidade a todos e todas que são dedicados à educação no Brasil.
A perplexidade, no entanto, não vem acompanhada de qualquer surpresa. A escalada da violência institucional no Brasil, junto com o crescente estado policialesco e repressivo, gera o descrédito da população, cada vez maior nos dias de hoje no Brasil, com instituições como a Justiça e as polícias, como apurado em pesquisas recentes.
A História nos ensina que todo golpe cria e gera outros golpes. Quando não respeitamos o que deveria ser a maior força de qualquer democracia, que é a soberania do voto popular, todo o ambiente social forma um caldo de desrespeito geral. Dessa forma é que crianças e adolescentes passam a ser algemadas e juízes de Varas da Infância e Juventude, que deveriam primar pela defesa da própria infância e juventude do país, passam a sugerir em suas sentenças o uso de técnicas de tortura para a desocupação de escolas por jovens e adolescentes. Por isso que não nos causa surpresa assistir a cenas de policiais militares pulando janelas de escolas e centros de formação como ocorreu hoje na ENFF.
Não nos surpreende, mas nos consterna e causa enorme preocupação. De uma forma ou de outra, a invasão violenta sofrida no dia de hoje pela ENFF tem a mesma raiz e segue a mesma linha perpetrada contra milhares de estudantes país afora: a escalada da repressão no país e o aprofundamento do Estado de Exceção que o Brasil vive nos dias atuais.
Jamais deixaremos de nos indignar com a arbitrariedade vivida e presenciada por todos que ousam não se calar diante de tamanha violência!! Toda solidariedade à Escola Nacional Florestan Fernandes!!! Todo apoio aos companheiros e companheiras do Movimento de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra – MST!!! Junto a essas fileiras estarão sempre os educadores e educadoras do Brasil!!!
CNTE