Manifesta�o reuniu 10 mil pessoas na cidade de S�o Paulo Movimentos sociais promoveram nesta segunda-feira (7) a 21 edi�o do Grito dos Excludos. Na capital paulista, a caminhada partiu da Avenida Paulista, s 9h, seguiu pela Avenida Brigadeiro Lus Antnio e encerrou, s 12h, no Monumento s Bandeiras, no Parque Ibirapuera. Entre os manifestantes havia ativistas pelos direitos das mulheres, pela igualdade racial, pelos direitos da juventude, alm de moradores da periferia. Outro grupo do Grito dos Excludos protestou na Praa da S. Segundo a dire�o do Grito, mesmo sob chuva, um pblico de 10 mil pessoas esteve na manifesta�o da Avenida Paulista. A Polcia Militar informou que n�o divulgar uma contagem de manifestantes. Para Raimundo Bonfim, coordenador estadual da Central de Movimentos Populares (CMP), o local escolhido para o ato foi simblico. ” como se a senzala gritasse contra a Casa Grande, na Avenida Paulista, do pessoal do poder econmico, do poder poltico. Ns da periferia vamos todo ano fazer esse grito, demostrar que ns n�o vamos aceitar a retirada de direitos dos trabalhadores”, declarou. Raimundo destacou os objetivos do protesto. “Esses movimentos populares se organizam todo ano, mas neste ano tem dois pontos principais. Um a luta por democracia e o segundo pela n�o retirada de direitos sociais, que esse ajuste fiscal n�o recaia sobre os trabalhadores, sobre as polticas sociais.” Manoel Del Rio, advogado e assessor jurdico da Frente de Luta por Moradia (FLM), explica que a manifesta�o pede tambm justia, moradia e igualdade social. “Ns vivemos um momento importante em que os movimentos sociais v�o ter que lutar contra os privilgios, porque as pessoas que tm privilgios dominam o Judicirio, o Congresso, dominam a maioria da mquina pblica. Eles est�o pressionando o governo para se apropriar dos nossos benefcios.” O ato na Praa da S, lembrou as mortes ocorridas nas escadarias da catedral na ltima sexta-feira (4). Os participantes deram um abrao simblico na igreja, onde ocorreu o fato, que teve como desfecho a morte de duas pessoas. Uma delas era o pedreiro Francisco Erasmo de Lima, de 61 anos, que tentou desarmar um homem que mantinha uma mulher refm. O ato seguiria para a regi�o da Luz, conhecida como “cracolndia”, mas, devido a chuva, a manifesta�o foi encerrada, por volta das 12h30, no mesmo local da concentra�o. Paulo Pedrini, coordenador da Pastoral Operria Metropolitana de S�o Paulo e integrante da coordena�o estadual do Grito dos Excludos, lembrou que o ato j estava marcado para a Praa da S, mas ganhou um simbolismo especial com o fato da ltima sexta-feira. “O rapaz morava aqui na praa, era um morador de rua, e acabou dando a vida para salvar algum que nem conhecia. Um excludo que d uma li�o dessa para a sociedade”, disse. Padre Jlio Lancellotti, coordenador da Pastoral de Rua, chamou a aten�o para a explora�o miditica do fato. ” a espetaculariza�o da tragdia humana. O que se viu foi transformar isso em um espetculo com a busca pela audincia”, avaliou. O papel da mdia faz parte do tema do Grito dos Excludos deste ano. O ato na Praa da S comeou s 9h com missa. Durante a Homilia, dom Odilo Scherer, arcebispo metropolitano de S�o Paulo, lembrou a situa�o de imigrantes e refugiados pelo mundo. “Temos que ter abertura para acolher aqueles que vivem situa�o de conflito que vm em busca de paz”, declarou. A crise migratria e o papel dos brasileiros na recep�o desses povos tambm s�o temas abordados nesta edi�o do Grito. Margareth Silva, coordenadora do Centro Referncia e Acolhida para Imigrantes, refora a necessidade de se construir um ambiente de solidariedade para acolhida de estrangeiros e para combater a xenofobia. “S�o pessoas excludas do mundo, que j n�o tm uma ptria, paz, que s�o perseguidos religiosos, que n�o tm sequer uma lngua, porque v�o ter que adaptar a uma nova realidade”, disse. O centro um equipamento da prefeitura de S�o Paulo, administrado Servio Franciscano de Solidariedade (Sefras). Segundo Margareth, com um ano de funcionamento, pessoas de 35 nacionalidades passaram pelo centro – haitianos e srios, na maioria. 21 edi�o Com manifestaes previstas em todas as capitais e em vrias cidades do interior do pas, o Grito dos Excludos acontece desde 1995. A mobiliza�o nacional deste ano teve como lema “Que pas esse que mata gente, que a mdia mente e nos consome?”, questionando a violncia presente no modo de organiza�o social, que marginaliza as pessoas, e a atua�o da grande mdia, que manipula os meios de comunica�o sob o seu poder conforme os seus interesses polticos, sociais e econmicos. Os assuntos trazidos como tema do Grito s�o discutidos durante todo o ano para culminar em manifestaes populares pelo Brasil no Dia da Independncia. O papel da mdia uma novidade entre os temas comumente escolhidos. A defesa de uma reforma poltica democrtica tambm. “Escolhemos o 7 de setembro por ser um dia em que devemos lembrar que ainda n�o conquistamos nossa independncia desse sistema poltico que distorce a democracia”, diz Raimundo Bonfim, em referncia ao financiamento empresarial de campanhas eleitorais. Oua entrevista de Raimundo Bonfim Radio Brasil Atual Em S�o Paulo, alm dos dois atos na capital, o Grito marcou presena em Aparecida (SP), onde h 28 anos ocorre tambm a Romaria dos Trabalhadores. As atividades comearam s 7h no Porto Itaguassu, onde, de acordo com a histria, a imagem de Nossa Senhora Aparecida foi encontrada por pescadores em 1717, e, de l, as pessoas seguiram para o Santurio da padroeira do Brasil. No Rio de Janeiro, aps o desfile militar do 7 de Setembro, movimentos sociais saram em passeata pela Avenida Presidente Vargas, no centro. A concentra�o comeou s 9h na Rua Uruguaiana e a caminhada at a esttua de Zumbi dos Palmares partiu, por volta das 11h, com a participa�o de movimentos feministas, negros, indgena, de juventude, por moradia, educa�o, comunica�o popular, sindicalistas, classistas e partidos de esquerda. Com a chuva, a passeata reuniu menos pessoas do que o costume, de acordo com os manifestantes. Segundo o diretor local da CMP, Marcelo Edmundo, a finalidade discutir a violncia, a repress�o e a manipula�o da informa�o. Edmundo conta que o Grito dos Excludos surgiu como um contraponto ao ufanismo. “A ideia do grito mostrar o que realmente esse pas precisa e o que falta para a gente se transformar num grande pas. Ele se transforma num grande pas com sade, com educa�o, com cultura, com lazer, com moradia, com reforma agrria, assim que ns vamos nos tornar grandes.” Edmundo reconhece que nessas duas dcadas houve avanos sociais, porm, para ele, faltou uma reforma estrutural. “A direita, as elites daqui n�o suportam nem essas pequenas conquistas, quanto mais uma mudana mais estrutural, mais profunda que n�o s esse pas, mas o mundo necessita.” Em Braslia, movimentos sociais com diferentes reivindicaes se concentraram na Catedral e desceram a Esplanada dos Ministrios aps o encerramento do desfile de 7 de Setembro. “N�o falamos contra ou a favor do governo. Temos um leque amplo de reivindicaes, defendemos a democracia e somos contra a interven�o militar. Somos cerca de 40 organizaes que renem aqueles que precisam ser ouvidos”, disse o coordenador do protesto, Fbio Miranda. Fonte: Rede Brasil Atual – Reda�o