Escrito por Rosana Fátima de Arruda
Dia 20 de novembro, foi instituído como Dia da Consciência Negra, pelo movimento negro que buscava representar a luta e resistência do povo negro. No currículo escolar isso é garantido na LDB quando defini que no calendário escolar deve ter, obrigatoriamente, o Dia da Consciência Negra. Data que dever ser usada como reflexão e de culminância das manifestações das práticas antirracistas desenvolvidas durante o ano.
Em Várzea Grande há duas legislações, Lei 2.425/2002 e a 4.055/2014, que instituem em novembro a Semana da Consciência Negra, momento que as escolas devem divulgar as experiências bem sucedidas em inclusão de conteúdos sobre a cultura afro-brasileira.
Em Mato Grosso a Lei 7.879, de 27 de dezembro de 2002 torna o Dia 20 de novembro como feriado estadual. Entre muitos embates e resistência a Lei é contestada, contudo, o povo negro tem conseguido manter o dia como ferido estadual, símbolo de luta e consciência de sua existência protagonista na história da África e suas manifestações culturais.
Em 10 de novembro de 2011, o marco é nacional, é sancionada a Lei 12.519/11 que instituiu o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, no Artigo 1º prevê “É instituído o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, a ser comemorado, anualmente, no dia 20 de novembro, data do falecimento do líder negro Zumbi dos Palmares”.
Todo ano, Dia 20 de Novembro, como o é hoje, o povo brasileiro tem a oportunidade, diante das diversas manifestação intensificadas, permitir vivenciar, experimentar, compreender, reconhecer e valorizar as contribuições afro-brasileiro e africana presente no cotidiano de cada lugarzinho do Brasil.
Cristo Rei, abriga grandes personalidades negra. Cristo Rei é por si um território negro que abriga vivências, saberes e vidas que importam para se escrever e manter as histórias da história de Várzea Grande. Cristo Rei já fora denominado Capão de Negro, Colônia União e Roção. Mas hoje abriga o Quilombo Urbano Capão do Negro do Cristo Rei.
Uma das personalidades aqui reconhecida é Tacilia Soares da Costa, ativista do movimento negro: Militante do Movimento Negro ingresso no Grupo de União e Consciência Negra de Mato Grosso – GRUCON MT, no início de 1980, foi a 1ª mulher a ser a presidente do grupo, logo após o falecimento do senhor Geraldo, fundador do Grucon. Participou de muitos eventos que marca seu legado de luta e resistência feminina. Participou da criação do grupo MIN – Movimento de Inteligência Negro com a finalidade de desenvolver grupos de trabalhos referente a inclusão da história e cultura afro brasileira e africana na sociedade mato-grossense. Participou da fundação do Instituto de Mulheres Negras de Mato Grosso – IMUNE MT, junto a fundadora Antonieta da Costa, filha do seu Geraldo. A finalidade do Imune nasce para expressar a necessidade das mulheres negra que no grito dos tambores, finca na alma, os movimentos, a resistência e ciência da ancestralidade. Movimentos que forja o direito feminino no Estado. Foi uma das primeiras mulheres a pleitear uma vaga no legislativo buscando a representação da mulher na política, contudo, nunca desistiu de combater a desigualdade no campo político. As moções, entregues pela Assembleia Legislativa, Câmaras das prefeituras de Cuiabá e Várzea Grande, são exemplos de reconhecimento do trabalho e da personalidade que a senhora Tacilia representa no Estado. Fomentou a criação do Conselho de Promoção de Igualdade Racial de Várzea Grande (CMPIR-VG), que atualmente está como presidenta. É professora aposentada pelas Redes Estadual e Municipal de Várzea Grande, atuou na Rede Estadual desde a década de 1970 e no município desde a década de 80. Está à frente de projetos educacionais voltados a educação das relações étnico-raciais e luta é incansável pela promoção da igualdade racial e combate ao racismo.
Outra personalidade é senhor Manoel Saores dos Santos, o vendedor de ervas há 26 anos na Praça Aurea Brás. Todo o conhecimento sobre ervas, garrafadas e sobre cuidar da saúde através do remédio natural aprendeu com sua mãe. Sua mãe foi entendendo a natureza, num tempo que na região, que o povoado vivia num lugar deserto, não havia médico e as doenças eram tratadas a base de chás.
Seu Manoel, lembra que há alguns anos atrás houve um movimento de tirá-lo da Praça Áurea Brás, mas ele resistiu sentiu o choque, o sofrimento, pois argumenta “eu vou fazer o que, não sei fazer outra coisa e já na minha idade não tem como procurar um emprego um outro serviço que dá para eu sobreviver, então, eu tenho que apelar por aqui.”
Personalidades negras que constituem a trama das relações sociais, da preservação, valorização e reconhecimento da cultura negra do bairro Cristo Rei, da cidade de Várzea Grande.
Consciência negra é justamente a se permitir vivenciar, experimentar, compreender, reconhecer e valorizar as contribuições e influências do povo negro no nosso cotidiano.
