Na ltima quarta-feira, Vagner Freitas discorreu sobre o que se pode esperar do 12 Congresso Nacional da CUT, que comea na prxima tera-feira (13). Diante da conjuntura, em que os setores reacionrios pressionam pelo retrocesso e tm ampla presena na mdia, no Judicirio e no Poder Legislativo, enquanto o governo Dilma se v cada vez mais sob chantagem, Vagner cr que o Congresso da CUT precisa ultrapassar os debates internos e enviar uma mensagem clara para toda a sociedade. Por essa raz�o, durante o Congresso, a Central vai divulgar uma proposta de poltica econmica para o Brasil. E vai levantar, mais uma vez, a bandeira das reformas agrria, tributria, educacional, poltica e das comunicaes. Acompanhe os principais trechos da conversa Dire�o j eleita? Quero esclarecer que a chapa n�o est eleita ainda. Temos uma indica�o que a Executiva fez para os congressistas. Construmos essa composi�o discutindo com as correntes polticas, os estados, os sindicatos, e temos a certeza que ser referendada essa proposta nossa. Mas quem elege a chapa s�o os delegados no Congresso. Tomamos a iniciativa de avanar na constru�o da chapa porque temos enorme preocupa�o que o nosso Congresso n�o vire uma coisa de consumo interno. Embora tenhamos inmeros assuntos para serem resolvidos internamente na CUT, do ponto de vista da organiza�o sindical e outras coisas mais, a conjuntura que o Brasil vive hoje nos impe desafio de ir para alm disso. Queremos um Congresso que traga todas as propostas em defesa da classe trabalhadora, dos direitos, sem permitir que haja retrocesso ou retirada de direitos. Temos preocupa�o com o aumento do nmero de desempregados no pas. Porque o emprego com carteira assinada uma das maiores conquistas do governo democrtico e popular e um dos maiores legados do governo Lula e Dilma. Pauta reacionria no Parlamento S�o pautas como a progressividade na Previdncia, n�o temos a menor concordncia com isso. O fator 85/95 um ganho da CUT, uma proposta de seus sindicatos, de seus militantes, mas defendemos sua implementa�o sem progressividade. Ontem (quarta-feira) os congressistas tentaram fazer um bem bolado, mas que n�o foi favorvel aos trabalhadores. O que aprovaram efetiva o conceito de progressividades com o qual a CUT n�o tem a menor concordncia. Tambm nessa pauta conservadora contra os direitos dos trabalhadores uma emenda que introduziram no PPE (Programa de Prote�o ao Emprego), que deve ser utilizado em pocas de crise sistmica identificada pelo governo, pelos trabalhadores e pelos empregadores e que venha a melhorar a condi�o de emprego do trabalhador. Mas a vem uma emenda congressual que adenda ao PPE a quest�o do negociado sobre o legislado, que n�o tem nada a ver uma coisa com a outra. Obviamente, somos contrrios. Aumentar e fortalecer a CUT Vamos discutir tambm a organiza�o interna da CUT, sua poltica sindical, sua poltica de expans�o nos prximos anos. Temos que avanar muito na representatividade que a CUT tem do total de trabalhadores sindicalizados. Mas, acima de tudo, queremos construir uma proposta da CUT para aumento o nmero de trabalhadores sindicalizados em geral. Vamos discutir novamente a mudana na estrutura sindical brasileira, concernente com a proposta de liberdade e autonomia sindical que forjou a CUT. CUT vai combater a progressividade na frmula 85/95, diz VagnerCUT vai combater a progressividade na frmula 85/95, diz Vagner Pela primeira vez, paridade um congresso que tambm vai marcar tambm um avano importantssimo, a efetiva�o da paridade, a constru�o de uma chapa com paridade entre homens e mulheres. Somos a primeira central no mundo que ter uma dire�o com paridade de gnero. Se voc tem uma maioria feminina na m�o de obra e isso n�o traz condies iguais de trabalho, obviamente voc est aumentando a explora�o capitalista. O que queremos discutir na CUT n�o uma igualdade poltica, forjada, entre dirigentes sindicais, mas enfatizar que temos de aumentar a organiza�o e participa�o de trabalhadoras mulheres. Na verdade, uma forma de demonstrarmos que temos de mudar essa situa�o no pas. Reformas no Brasil CUT tambm quer discutir para fora, qual modelo de Estado queremos, que esse que est a, patrimonialista, machista, sexista, racista, n�o serve. Esse que a est existe para defender interesses dos ricos e dos poderosos e que todos pagam para construir a riqueza, devolvida de maneira hiperdesigual. Vamos fazer um congresso da CUT para continuar defendendo nossas reformas bsicas. Queremos discutir a reforma tributria, tributando a riqueza e a renda e n�o o trabalho; a poltica, para que voc tenha condi�o de igualdade na participa�o e igualdade no Congresso Nacional. Devemos enfatizar o fim do financiamento empresarial que, obviamente, a bola da vez na nossa campanha. Mas n�o s isso, queremos a democratiza�o de todo o sistema democrtico de representa�o no Brasil, que concentrado na m�o dos empresrios. Defendemos reforma agrria como parte da poltica econmica. A reforma agrria dialoga com isso: a extens�o de grandes latifndios para produ�o de commodities n�o o que coloca comida na mesa dos brasileiros e, embora seja o agronegcio um ativo importante para o Brasil, o pas deveria ser mesmo o maior produtor de alimentos do mundo, com a capacidade que tem. Por isso achamos que o modelo agrrio tem que ser em propriedades menores, com desenvolvimento do cooperativismo. Poderamos ter uma solu�o para a economia brasileira num mercado em que podemos ser lderes. Reforma do Judicirio Queremos discutir a reforma do Judicirio. Estamos vendo a politiza�o do Judicirio. Aes sem provas, de maneira arbitrria, alguns juzes entendendo que precisa prender primeiro para depois averiguar se culpado. Queremos reforma do Judicirio para que haja de fato direito livre defesa. Obviamente, com o rigor prprio ao poder Judicirio, mas nos parmetros legais e com amplo direito de defesa. Hoje o poder Judicirio n�o faz Justia, faz poltica, dependendo da bandeira partidria, da filosofia poltica, n�o por conta do aprofundamento das investigaes. Essa quest�o atenta diretamente contra movimento social. Educa�o e comunica�o Queremos tambm a reforma da educa�o, n�o toa que o CONCUT tem como mote a educa�o. N�o acreditamos que tenhamos revolu�o social sem a educa�o com nfase no apensamento e n�o para o adestramento, para a produ�o. E tambm discutiremos a reforma da comunica�o, do imprio da desinforma�o. Esse que o quarto poder, na verdade, o primeiro, pois se consolida como a principal fora conservadora. H interesse por parte de determinada classe social, de determinado partido poltico, de n�o haver debate sobre sociedade brasileira nas suas vrias matizes. Voc tem uma massifica�o da informa�o dominante, daqueles que detm os meios de comunica�o. A ponto de estar acontecendo agora uma cobertura absurda da imprensa: as revistas de circula�o nacional na semana passada ignoraram que o presidente da Cmara, Eduardo Cunha, acusado de ter contas na Sua, que poderiam fazer parte de um esquema de corrup�o, segundo a PGR (Procuradoria Geral da Repblica). E aqui n�o estou acusando, acho que ele tem direito a ampla defesa, n�o fao juzo de valor enquanto ele n�o tiver o ltimo direito de se defender. Mas as mesmas revistas colocam o presidente Lula, a presidenta Dilma, outros membros do PT e da CUT em capas seguidamente sem nenhuma acusa�o comprovada. Sou um militante h algum tempo em defesa da democracia, lutei contra a ditadura e o que queramos liberdade de imprensa para ter igualdade de informa�o. Olha o que temos hoje! Se enfrentamos a ditadura, temos condi�o de enfrentar a elite e a mdia conservadora Momento difcil O governo eleito democraticamente pela popula�o erra e acerta e a CUT identifica erros crassos na condu�o da economia e tem apontado para isso. Mas o que voc v a realiza�o de um terceiro turno interminvel, que gera uma crise poltica, n�o permitindo que tenhamos desenvolvimento econmico por conta daqueles que perderam as eleies n�o aceitarem os resultados das urnas. Nos ltimos dias, vem o TCU e faz um julgamento da presta�o de contas da presidenta utilizando argumentos para averigua�o das contas que n�o foram usados em rela�o a nenhum outro presidente e nenhum outro governador. Tem mais pedaladas do que o que o Alckmin faz em rela�o ao metr de S�o Paulo? Em rela�o tese de que houve propina na elei�o da presidenta Dilma, utilizando recursos advindos de empresas ligadas Petrobras ou da Petrobras, esquecem que a mesma origem de recurso que financiou o adversrio, Acio Neves. Mas, no caso dele, s�o doaes consideradas legais. A CUT se coloca no cenrio nacional exigindo que haja apura�o de todos os fatos. Que se apure e punam os culpados. Mas o que est havendo no Brasil por conta dessa opera�o Lava-Jato a poltica da disputa eleitoral personificada na continuidade de um terceiro turno de maneira descabida. S�o milhares de trabalhadores que perderam o emprego por conta da opera�o Lava-Jato. uma tragdia ainda maior quando voc v quebrar toda uma cadeia produtiva ligada Petrobras. Querem acabar com todo o setor para privatizar a empresa. N�o tenho dvida nenhuma que por trs dessa quest�o tem uma vis�o entreguista, personificada na postura do senador Jos Serra, lobista das petrolferas internacionais. Poltica econmica equivocada Tambm queremos discutir a equivocadssima poltica econmica. Essa foi a tese que derrotamos no segundo turno, porque, atrs dessa tese vem a luta econmica de classes. Porque por 12 anos os trabalhadores tiveram ganhos em seus salrios, avanos nas questes trabalhistas, na melhoria da sua qualidade de vida e isso o que a poltica neoliberal quer combater. A nossa enorme surpresa ver que depois de derrotarmos essa proposta nas urnas, comeamos um segundo mandato de um governo eleito pelos trabalhadores referendando essa poltica econmica. Que vai roubando direitos dos trabalhadores. Que pretende propor reforma na Previdncia, como se ela fosse a vil� do gasto pblico. Ou o ajuste fiscal. A poltica econmica perdeu-se no meio do caminho porque n�o diz a que veio, n�o vai para um lado, nem para o outro. Durante nosso Congresso, vamos apresentar uma proposta de poltica econmica desenvolvimentista. N�o essa que est sendo construda no segundo governo da presidenta Dilma. Vamos apresentar uma proposta de poltica econmica voltada oferta de crdito e fortalecimento do mercado interno. Brasil poderia ter na reforma agrria uma chance de liderar mercado mundial de alimentos, segundo VagnerBrasil poderia ter na reforma agrria uma chance de liderar mercado mundial de alimentos, segundo Vagner Ruim com Dilma… A CUT contra a cassa�o da presidenta porque n�o enxerga motiva�o para isso. Se tivssemos evidncias, mais que evidncias, provas de corrup�o envolvendo a presidenta, malversa�o do recurso pblico, independente do fato de a termos defendido, seramos os primeiros a solicitar sua cassa�o. A CUT entende que quem est julgando a presidenta n�o tem condies polticas e morais para fazer. a mesma elite conservadora brasileira que n�o suporta a ascens�o da classe operria disputando espaos com eles. E, alm disso, achamos que o que se prope com a tentativa de impeachment da Dilma a desconstru�o da esquerda brasileira, do movimento social, do movimento sindical; n�o toa que no bojo da discuss�o do impeachment da Dilma imputam tambm responsabilidade para o Lula. uma disputa poltica que quer criminalizar a presidenta, o ex-presidente a as organizaes sociais de esquerda. Uma cassa�o de Dilma n�o trar para os trabalhadores nenhuma proposta melhor, mais organizada e mais desenvolvida, pelo contrrio, vai ter retrocesso em dire�o queles que n�o tm dilogo social. Os que est�o se colocando para substitu-la tem muito menos que ela e nenhum compromisso com isso. Mobiliza�o versus criminaliza�o da esquerda As ruas s�o o lugar onde a CUT surgiu, estamos disputando metro a metro as mobilizaes de rua com grandes atos realizados, importantes para firmar nosso posicionamento poltico. A direita n�o consegue nos derrotar mesmo querendo ignorar. verdade que uma parcela da direita brasileira consegue ocupar as ruas e n�o achamos que seria ruim, se n�o fosse induzida e com um teor de preconceito extraordinrio, machista, racista. Mas estamos acostumados a isso, a CUT enfrentou a ditadura. Se enfrentamos a ditadura, temos condi�o de enfrentar a elite e a mdia conservadora. Fonte – CUT