HomeNotíciasComunidade Escolar barra projeto autoritário de Militarização da Escola Adalgisa de Barros

Comunidade Escolar barra projeto autoritário de Militarização da Escola Adalgisa de Barros

A Secretaria de Estado de Educação (SEDUC), por meio da Diretoria Regional de Educação de Várzea Grande (DRE/VG) convocou nova Assembleia Geral da Escola Estadual Professora Adalgisa de Barros nesta segunda-feira, 23 de janeiro, de forma arbitrária e antidemocrática, em pleno período de férias escolar, para atropelar o processo e forçar a aprovação da implantação do Projeto de Militarização.

Mas mesmo assim, a comunidade escolar se mobilizou e rejeitou o projeto, pela segunda vez.  A comunidade já havia dito NÃO, na Assembleia realizada em dezembro de 2022.

A Escola Estadual Professora Adalgisa de Barros, com quase 60 anos de história, avaliada com uma das melhores escolas estadual de Várzea Grande, com um Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) considerado muito bom, com um quadro de professores com mestrado e doutorado, é a bola da vez para ser MILITARIZADA pelo governo de Mato Grosso. Porém, não contavam com a resistência dos estudantes, professores, pais e do Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público de Mato Grosso – Subsede de Várzea Grande (Sintep/VG).

De acordo com a secretária de assuntos jurídicos do Sintep/VG e secretaria de assuntos educacionais do Sintep/MT, Cida Cortez, “mesmo com as imposições e manobras da SEDUC que chamou a audiência em período de férias, impediu que estudantes de 16 anos votassem e ainda permitir que vereadores e deputados baldeassem gente de outras comunidades escolares e de outros bairros. A comunidade escolar da EE Professora Adalgisa de Barros, deu uma lição de democracia e impediu a escola de ser militarizada. A Escola Adalgisa com mais de 60 anos de existência e respeito em Várzea Grande, vinha sofrendo assédio para ser militarizada. Alguns parlamentares produziram vídeos difamatórios da escola. Vale ressaltar que a escola não tem histórico de indisciplina, nem de insegurança, nem de violências e esperamos que o governo/SEDUC respeite a decisão da maioria e não invente novas manobras para impor de forma autoritárias e ditatorial mudanças que não proporcionam a ampliação de direitos”.

Para o estudante, Leo Rondon, diretor de políticas educacionais da União Estadual dos Estudantes de MT (UEE/MT), durante a audiência pública imposta pela SEDUC/MT, ficou clara a posição de rejeição à MILITARIZAÇÃO. “Na verdade, esse governo, falha em não dar prioridade para a educação. E do ponto de vista da juventude, ele demonstra que não tem compromisso nenhum com o futuro da juventude, que não tem compromisso nenhum com os profissionais da educação e que terceiriza essa responsabilidade”, afirma o estudante frisando que as forças de segurança, na verdade, estão fugindo da sua responsabilidade. E, que lugar de polícia é na rua, cuidando da segurança pública.

“Ficou clara a posição da comunidade externa de rejeitar o modelo de escolas militares, e também rejeitaram a forma antidemocrática que a Secretaria de Educação vem conduzindo esse processo no estado, pois tem transformado esses debates num espaço totalmente hostil à vontade da comunidade escolar. Mas, desta vez, a comunidade da Escola Adalgisa de Barros se mobilizou e demonstrou toda a sua indignação, rejeitando a proposta de militarização da escola, que é considerando um modelo ultrapassado do ponto de vista da política educacional, reforça a liderança estudantil.”

Para o presidente do Sintep/VG, professor Juscelino Dias de Moura, “o Sindicato não tem contrariedade com relação a existência das escolas militares desde que sejam financiadas com recursos da Segurança Pública ou de outras fontes. Ela não pode ser financiada com recursos de desenvolvimento educacional. Além do financiamento, o processo de implantação desse modelo fere outros princípios como da Gestão Democrática, e demais princípios da escola pública como a universalidade”, explica o professor.

“Não podemos aceitar essa maneira desrespeitosa como o governo vem fazendo, tentando militarizar as escolas de forma arbitrária, sem dialogar com a comunidade (alunos, pais e profissionais da educação). O governo tem que entender que a escola não é o quintal de sua casa e muito menos um puxadinho de sua empresa. A escola é de todos, é da comunidade escolar e é ela quem decide qual rumo seguir. Portanto, não aceitaremos que façam das escolas o que eles bem entendem, tem que haver respeito e diálogo e não essa imposição, esse jogo sujo que estão fazendo, tentando impor seus desejos.” Ressalta Juscelino. 

Em relação as matérias publicadas que falam que houve baderna, a direção do Sintep/VG esclarece que se houve baderna ou desordem, esta foi produzida pela própria SEDUC que fez as manobras transportando pessoas de fora da comunidade escolar para participar do evento e forçar a aprovação da militarização da Escola Adalgisa de Barros. A Assembleia deveria ser apenas com a comunidade escolar e de moradores de bairros circunvizinhos.

A SEDUC é a responsável em criar um ambiente de conflito e de arbitrariedades ao não cumprir a Lei da criação das escolas militares, que inclusive é inconstitucional. Além disso, a SEDUC desvirtuou o debate, que deveria ser democrático, ao tirar o direito de falas contrárias a proposta de militarização, deixando a comunidade escolar indignada e revoltada com descumprimento do regimento interno escolar e a criação regras desiguais e impostas para forçar a aprovação da militarização das escolas públicas.

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