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&#39Classe média não quer o Estado; classe trabalhadora precisa dele&#39

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Pochmann
por Paulo Donizetti de Souza, da RBA publicado 10/06/2014 Em mais um captulo do embate conceitual sobre ascens�o social no Brasil, o economista Marcio Pochmann acaba de lanar um livro a colocar gua na fervura. Em O Mito da Grande Classe Mdia ?” Capitalismo e Estrutura Social (Editora Boitempo, 140 pginas), como o prprio ttulo sugere, o professor do Instituto de Economia da Unicamp, desmitifica a qualifica�o de ?nova classe mdia? como designa�o dos mais de 40 milhes de brasileiros que, desde o incio dos anos 2000, vm deixando as linhas estatsticas de pobreza para ocupar um lugar entre o que Pochmann prefere chamar de ?nova classe trabalhadora?. Do ponto de vista do alcance da renda, consideram-se estatisticamente de classe mdia, ou classe C, as famlias com renda per capita entre R$ 320 e R$ 1.120. Por exemplo, uma famlia com quatro pessoas, casal e dois filhos, e renda total entre R$ 1.280 e R$ 4.480 integrante da classe C. Pochmann, no entanto, considera um equvoco essa abordagem, uma vez que a estrutura de gastos na ?nova classe trabalhadora?, fatia da pirmide na qual hoje se encontram 54% da popula�o brasileira, tem uma estrutura de gastos e de consumo diferente da ?classe mdia? clssica. ? inegvel a mobilidade social e material alcanada pelos brasileiros desde a dcada de 2000, com cria�o de milhes de empregos, redu�o da misria, amplia�o das polticas pblicas inclusivas, principalmente em educa�o e habita�o, e aumento do poder de consumo dos trabalhadores?, ressaltou Pochmann, durante debate realizado nesta segunda-feira (9) pelo Centro de Pesquisas 28 de Agosto, do Sindicato dos Bancrios de S�o Paulo. Entretanto, segundo ele, a inclus�o de milhes de novos trabalhadores no mercado de trabalho, cerca de 22 milhes desde 2003, n�o sinnimo de ?ascens�o de classe?. ?A classe mdia poupa, investe, viaja, investe em cultura, lazer e conhecimento. Quer menos imposto e n�o quer o Estado?, resume. ?A classe mdia tpica se delicia no momento de declarar o imposto de renda e calcular as dedues que ter com planos de sade, escolas particulares, fundos de previdncia, enfim, gastos com servios que recusou do Estado e foi buscar no setor privado; deduz at, pasme, despesa com a empregada domstica.? Segundo estudo divulgado h dois anos, essas dedues representaram R$ 14 bilhes que deixaram de ser arrecadados. ?Assim, a principal poltica social do Estado vem do Ministrio da Fazenda?, ironiza Pochmann, que ex-presidente do Instituo de Pesquisa Econmica Aplicada (Ipea) e atualmente preside a Funda�o Perseu Abramo, rg�o de pesquisas e publicaes vinculado ao PT. ?A classe trabalhadora, entretanto, precisa do Estado. Sem ele, n�o ter acesso a educa�o, sade, servios pblicos de qualidade.? O economista entende que mais importante do que a quest�o semntica ou conceitual entender como o atual fenmeno da mobilidade social brasileira ainda mediado por uma vis�o predominantemente neoliberal. ?Os avanos s�o analisados por partes, o pobre, a mulher, o negro, a moradia, a situa�o de rua… Sem se observar no todo, no macro, que o surgimento dos novos atores sociais se d em desconex�o com os setores que deviam representar esses novos atores?, observa. Ele exemplifica com pesquisas expostas no livro: ?De cada dez novos trabalhadores que ingressaram no mercado de trabalho, apenas dois se sindicalizaram. Dos oito que n�o se filiaram, quatro apontaram como motivo o fato de o sindicato n�o os representar e os outros quatro consideram importante, mas n�o se associaram por n�o saber como e n�o conhecer a entidade que os representaria. Do mesmo modo, dos milhes de jovens que conquistaram acesso universidade, a maioria n�o se aproximou de movimentos estudantis.” Marcio Pochmann alerta que o risco dessa mobilidade sem conex�o com os partidos, sindicatos, movimentos e organizaes tradicionais d margem para um predomnio da vis�o n�o conectada com no�o de igualdade e que pode pr em risco as conquistas alcanadas nos ltimos anos. ?Est�o surgindo movimentos sem pauta porque n�o est�o representados por instituies. N�o estamos sem futuro nem sem projeto, mas estamos sem agenda para esses trabalhadores e preciso alcan-los. Na poltica, n�o tem vaga. Se a esquerda n�o souber dar esses novos passos, outros dar�o.?

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