- Cida Cortez
A mais antiga e tradicional instituição de ensino de Mato Grosso, a Escola Estadual Liceu Cuiabano Maria de Arruda Muller, completou em dezembro pp, 146 anos de criação.
Ilustres personalidades de Mato Grosso, como por ex marechal Cândido Mariano da Silva Rondon e milhares de jovens anônimos estudaram e estudam na referida escola que é considerada uma referência tanto do ponto de vista arquitetônico quanto da qualidade social da educação.
Com muita surpresa, no dia 28.02 pp a comunidade escolar recebeu como presente de aniversário, a decisão por parte da Seduc MT em ‘fechar’ a escola secular Liceu Cuiabano.
A mídia escrita, falada e televisionada informou que por orientação do Secretário Estado de educação, Alan Porto, os estudantes matriculados e os trabalhadores em educação lotados nesta unidade escolar deveriam ser ‘pulverizados’ entre outras escolas.
Vale perguntar o que é pulverizar gente?
Na agricultura pulverizar é a técnica de controlar pragas através da aplicação de venenos chamados inseticidas. O governo poderá usar o Glifosato direto nos corpos de quem atua na referida escola?
Por analogia, “pulverizar” gente pode ser entendida como forma de controlar corpos e mentes indomados, portanto, indesejados para o atual governo podendo também significar uma mensagem subentendida, para as demais escolas: se o ‘Liceu Cuiabano’, com sua história secular consolidada, pode ser fechada que dirá das outras tão boas quantos o Liceu, porem distante do centro político e sem o devido reconhecimento social dos governantes ?
O governo poderá usar o glifosato direto nos corpos dos estudantes e profissionais da educação?
Diante da reação da comunidade escolar e da sociedade cuiabana, o secretário Allan Porto, teve que se reunir com um grupo de profissionais da escola, coisa que não o fez ao final do ano de 2024 ou no início do ano letivo de 2025, para explicar que não se tratava de fechamento da escola e sim de uma ampla reforma. Porque não foi feita ou pelo memos iniciada, no período de férias? Após a reunião, o engenheiro secretário, via imprensa como sempre, passou a promessa que não se trata de fechamento e sim de uma ampla reforma, enfatizando sempre o valor a ser gasto.
Podemos confiar na palavra do engenheiro Alan Porto que após muitas declarações na imprensa e em audiências públicas, ter negado que não está fechando escolas; que não fecharia os Centros de Educação de Jovens e Adultos (CEJAs); os Cefapros (Centros de Formação Profissional), e nem as Assessorias Pedagógicas. Mas, todos foram fechados. Quem garante que em relação ao ‘Liceu Cuiabano’ será diferente das demais, e que o secretário vai cumprir a promessa de não o fechar? Ou que no retorno da dita reforma, (sabe Deus onde esse secretário estará), o ‘LICEU CUIABANO’ não amanhecerá um quartel general, cumprindo o desejo do Governo de militarizar a educação no Estado?
É bom lembrar que a democracia não é uma prática dessa insólita gestão. As escolas que já foram fechadas, antes do ‘Liceu Cuiabano’, o secretario engenheiro, não teve a coragem de se reunir com os pais para dialogar sobre o assunto.
Vale ter como referência as escolas que estão sendo inauguradas e as outras que foram reformadas e que no retorno das atividades escolares já nasceram militarizadas, não contando nem com a ‘pseuda’ consulta à comunidade se aprovam ou não.
Essas atitudes autoritárias, de grande risco para sociedade, de ‘pulverizar’ os profissionais da educação e os estudantes é uma clara intenção de impor mudanças que em nada garantem a democratização nas relações e muito menos qualidade na educação.
Concluo refletindo que a explicação apresentada pelo governo atual, não tem nenhuma garantia de respeitar a história e a importância da ‘Escola Liceu Cuiabano’ como patrimônio do povo cuiabano.
É tempo de muito cuidado e resistência!
Cida Cortez é Graduada em Pedagogia, Especialista em Educação e Técnico Administrativo Educacional (TAE) na rede Estadual de Educação