Por João Monlevade – Ex- Dirigente do Sintep/MT e CNTE, Professor Aposentado do UFMT, Idealizador da Profissionalização de Funcionários de Escola no Brasil.
Depois da overdose de força, disciplina, beleza e medalhas das Olimpíadas, faço a vocês duas perguntas.
Perceberam que o principal responsável pela realização delas no Rio de Janeiro neste ano não apareceu nas telas de TV? E que provavelmente não esteve também no Maracanã e no Itaquerão, do time de seu coração?
Repararam que o Brasil cravou o 13 na conquista de medalhas?
O primeiro fato, que, para mim, representa irreparável injustiça, foi “caso pensado”. Já o segundo, tão simbólico para uns e desprezível ou “azarado” para outros, pode ser coincidência, ironia do destino, até vingança “dos deuses” ou “da sorte” – mas “caso pensado” não foi de jeito nenhum. A aposta dos otimistas era de décimo lugar pra cima na classificação final e de vigésimo pra baixo dos pessimistas e raivosos.
Cá pra nós, descontando algumas omissões e proibições, o espetáculo foi lindo. Maracanã e Maracanãzinho não só foram teatros de vitórias suadas, mas de cenários deslumbrantes. Desfile de juventude de todo o Planeta que repele guerras e bombas. Festival de sorrisos inenarráveis e de superações corporais de arrepiar. Até as águas da Guanabara, coloridamente sujas e poluídas, deram lugar a brancos, vermelhos, azuis, verdes e amarelos de velas, barcos e canoas mais rápidos que o 14 Bis maravilhoso da Abertura. Saltos maravilhosos e velocidades em terra, areia e água das piscinas azuis maravilharam nossos olhos cansados de 15 horas fixas na TV. As noites viraram dia; e aprendemos a almoçar e jantar nos sofás, como nossos(as) adolescentes.
Só teve um senão. Acabou a festa. Agora só em 2020, do outro lado do mundo, a 40 mil km e 10 mil dólares de distância – ida e volta, é claro.
Quem não gosta do Lula, vai ter que engolir uma verdade mais acesa que a Pira: sem ele, não teríamos tido as olimpíadas no Rio em 2016. E outras duas mais sérias, a que muita gente não prestou ainda atenção. Lula certamente não esteve alheio às belezas do espetáculo olímpico e dos benefícios que trouxe ao Rio e ao Brasil. Mas não esteve por lá porque exerceu sua liberdade. E não foi citado nos discursos porque…
Adivinha por quê?
Aqui entra a segunda verdade. Há gente pensando por aí que a água ácida da Lava Jato vai sufocar a voz do Lula e vai sepultar o PT. Não vai não. Por uma razão muito simples, estampada pela cor, pela origem, pelo trabalho e pelas condições de nossos medalhistas. Todos eles – com as exceções de praxe – são trabalhadores, candidatos a brilhar ainda mais no esporte, mas, acima de tudo, trabalhadores. O Lula símbolo da revolução silenciosa do Brasil esteve presente, sim, nas disputas olímpicas e estará presente nas que nos esperam nas eleições do futuro. Do 13 ninguém se esquecerá.
João Monlevade – Ex- Dirigente do Sintep/MT e CNTE, Professor Aposentado do UFMT, Idealizador da Profissionalização de Funcionários de Escola no Brasil.