Por Juscelino Dias Moura
Não é de se estranhar que a Prefeita Lucimar Campos (DEM) entrar com Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) para suspender Lei que garante direitos constitucionais de servidores de Várzea Grande/MT.
Em VG, nas gestões Campos, nada aconteceu a favor dos servidores municipal. E, não era para se esperar nada diferente. Durante os cinco anos da gestão Lucimar Campos, esses trabalhadores e trabalhadoras estão sofrendo, sendo subestimados, desvalorizados e lesados.
Vamos aos fatos:
A luta que os trabalhadores da educação de VG vem travando desde 2015, início da gestão Lucimar Campos, são as cobranças do reconhecimento, respeito e valorização profissional como condições fundamentais para garantir uma escola de qualidade para todos e todas.
Ultimamente, a categoria vem lutando pela recomposição salarial de 12,84% para todos os profissionais da educação (professores e servidores técnicos – merendeiras, vigias, ASG, TDI, TDE, TAE), conforme preconiza a Lei Federal 11.738/08 (Lei do PSPN), Lei Federal 12.014/2009, Lei Federal 12.796/13 e Lei Municipal 3.797/12 (Lei de Progressão de Carreira dos Servidores da Educação).
Durante esses cinco anos da gestão Lucimar Campos, os servidores técnicos – merendeiras, vigias, ASG, TDI, TDE, TAE – que tem os menores salários, ficaram com um déficit acumulado na recomposição salarial em 14,98% e, se os mesmos não tiverem a recomposição de 12,84% neste ano de 2020, ficarão com um déficit ainda maior de 27,82% com relação aos professores.
No ano de 2015, quando assumiu a prefeitura, Lucimar Campos propôs, assinou e sancionou a Lei 4.093/15, comprometendo com os trabalhadores da educação que cumpriria num prazo de 180 dias, estudos e a efetiva implantação das reivindicações como enquadramento, revisão do PCCS e outras.
Já se passaram cinco anos de estudos. E, até presente data a prefeita Lucimar Campos, último ano de sua gestão, não honrou com o compromisso assumido com os trabalhadores da educação que estão saturados de tantos estudos e nada concretizado. É só enganação. A prefeita nem se quer apresentou um cronograma de implantação gradativa do enquadramento na sua integralidade (nível e classe) para toda a categoria conforme Lei 4.093/15, Lei 3.797/12 (Lei do PCCS) e Lei 4.007/2014.
Por conta do descumprimento das leis da Progressão de Carreira que não estão sendo respeitadas, a Prefeita Lucimar lesa os trabalhadores em torno de R$ 200,00 à R$ 3.000,00 (duzentos a três mil reais), por mês em seus salários.
Esses recursos fazem muita falta no bolso do trabalhador, principalmente para aqueles que não tem as condições mínimas para se alimentar, se transportar ou de fazer todas as suas necessidades básicas.
A Prefeita Lucimar não pode ser omissa dessa forma, desrespeitando leis, desvalorizando e lesando os servidores que estão sofrendo por falta de justiça por todo esse tempo. Não tem sentido a Prefeita ficar com essa visão estreita, insensível e desumana com os servidores de VG.
Além da recomposição salarial defasada e da Progressão de Carreira não cumprida, os trabalhadores estão sem receber também os retroativos do enquadramento – sendo que existem servidores que tem direito a receber em torno de R$ 15 mil a R$ 250 mil reais e não estão recebendo.
É lamentável que a Prefeita de VG, segundo maior município de MT e o terceiro mais rico do estado, município que mais se arrecada, pague um dos piores salários para os trabalhadores, dentre os municípios da baixada cuiabana tais como: Acorizal, Barão, Jangada, Poconé e outros considerados mais pobres.
É lamentável que a Prefeita Lucimar tem mostrado a preocupação apenas para planejamento, metas e gastos em áreas não essenciais, como gastar milhões em reformas de praças, construções de parques, obras no setor esportivos e milhões para publicidade e propaganda, porém, que dão visibilidade eleitoral.
É lamentável que a Prefeita Lucimar não tenha metas, não faça investimentos e muito menos tem planejamento para o cumprimento das leis na questão de respeito, reconhecimento e valorização profissional dos servidores que é o coração da administração, mas amargam a falta de valorização e respeito.
Na ação, Lucimar alega que o Presidente da Câmara violou a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), a Lei de Improbidade Administrativa e a Lei das Eleições. Na verdade, ela esqueceu de dizer que quem viola a CONSTITUIÇÃO é ela mesma, desobedecendo a legislação municipal e federal. Aliás, nunca cumpre quando poderia beneficiar o servidor.
Os vereadores fizeram a parte deles, tiveram um olhar mais amoroso, um olhar mais cuidadoso e acreditam nos servidores. Ao contrário da Prefeita Lucimar Campos que não faz jus ao seu slogan AMAR, CUIDAR e ACREDITAR. Quem ela ama? De quem ela cuida? Em quem ela acredita? Podemos garantir que os servidores não são!
Ela diz se preocupar com a LRF e com o princípio da legalidade. No entanto, se realmente preocupasse com o princípio da legalidade, teria cumprindo a Lei 3.797/12 (Lei de Progressão dos Servidores), estaria respeitando a Constituição Federal, a Lei do FUNDEB, a Lei 11.738/08 (Lei do Piso Salarial) e a Lei 4.093/15, que ela assinou e sancionou.
Diz ainda, que se preocupa com o princípio da administração pública, mas não se preocupa em respeitar e valorizar os profissionais servidores públicos que estão com os salários achatados, que passam pela falta de necessidades básicas, como a falta do arroz, do feijão na mesa e até mesmo do leite para seus filhos.
Nos autos, Lucimar argumenta que possui responsabilidade com o erário público. Porém, possuir responsabilidade com erário público é honrar compromissos assumido, é obedecer e cumprir a legislação, é respeitar, ouvir e atender os anseios dos trabalhadores. E ainda indagamos: para preitear empréstimo no valor de R$ 50 milhões no último suspiro do seu mandato (no final do 2º tempo) não é praticar ato irresponsável, deixando a dívida para o próximo gestor?
Já estamos no mês de maio e a prefeita até o momento não moveu uma palha para cumprir com a legislação, que diz que a revisão salarial tem que ser feita todo mês de janeiro de cada ano e que a elevação de nível deve ocorrer de 3 em 3 anos. E agora ela vem dizendo que não pode, em ano eleitoral, no último ano do exercício do seu mandato e na crise causada pelo Pandemia do Coronavírus – COVID-19, praticar atos inconstitucionais e ÍMPROBOS, sob pena de responder por crime fiscal e de responsabilidade. Isso é pura hipocrisia da gestão Campos.
Saber que ela é dissimulada e desleal, todos os servidores de VG já sabem disso. Entretanto, pelo menos neste último ano de seu mandato, ela poderia tentar mudar esse conceito que tem perante os trabalhadores. Ela teve essa oportunidade de cumprir com a legislação ainda em janeiro e só não o fez porque nessa gestão o que realmente falta é a vontade política para atender as reivindicações dos servidores.
Somente nos meses de janeiro e fevereiro/2020, de acordo com a Orientação Técnica Nº 05 da Controladoria Geral do Município (CGM)/VG, houve uma sobra de saldo a aplicar no valor de quase R$ 5 milhões do FUNDEB, que é um recurso destinado para esse fim (recomposição salarial, enquadramento dos profissionais da educação e outros). A Orientação Técnica da CGM ressalta que a Prefeita Lucimar Campos vem praticando irregularidades gravíssima não destinando os recursos do FUNDEB para a remuneração dos profissionais da educação.
Na ação, Lucimar cita três pontos que não foram observados na emenda ao Projeto de Lei que estendeu o reajuste a todos os profissionais da educação: “não apresentação da previsão do valor financeiro do reajuste; falta de previsão orçamentária e inexistência de declaração de capacidade financeira”. No entanto, a responsabilidade de apontar o impacto financeiro, assim como a previsão orçamentária é da Prefeita Lucimar Campos. Para que serve a Secretaria de Planejamento? A própria prefeita com seu esposo Senador Jayme Campos dizem que VG está com uma boa capacidade financeira e dinheiro em VG está sobrando (assim como acabamos de apontar na Orientação Técnica da CGM). Sobre o impacto financeiro, desafiamos a Prefeita Lucimar a apresentar a FOLHA DE PAGAMENTO para o Sintep que o sindicato fará essas três observações com muita responsabilidade e compromisso os estudos do impacto financeiro. Vamos apontar onde é possível cortar as gorduras para acabar com essa HIPOCRESIA que não podem fazer nada por conta da LRF. Qual é o receio de esconder a FOLHA DE PAGAMENTO?
Lucimar também cita que a Câmara de Vereadores ignorou os clamores pela observância da falta de previsão orçamentária. Porém, é desta forma que ela age, ignorando os clamores dos servidores.
Finalizando, ela alega na ação que quem recebeu o que não lhe é constitucionalmente devido, deverá ter que restituir os cofres públicos, com juros e correção monetária. Porém, ponderamos que, quem ainda não quitou a dívida com o servidor o que lhe é de direito, deverá ter que pagar também com juros e correção monetária todos os valores lesados durante os cinco anos de mandato da Prefeita Lucimar.
Somos seres humanos, passageiros nessa vida. Vamos embora e não levaremos nada. Tudo que deixaremos são somente as boas lembranças. Isso, a prefeita Lucimar Campos não deixará para os servidores de VG. Repito, não deixará boas lembranças, não deixará nenhuma saudade. Aliás, a Gestão Lucimar Campos “AMAR, CUIDAR E ACREDITAR” deixará sim as lembranças da pior prefeita de todos os tempos no tratamento com os servidores públicos de VG.
Juscelino Dias de Moura é professor da rede municipal de Várzea Grande e presidente do Sintep/VG