Educadores das escolas estaduais acusam o governo Taques de cortar a quantidade de merenda ofertada nas escolas públicas, colocando em risco a alimentação escolar dos mais de 350 mil estudantes matriculados no estado. A denúncia feita pela subsede do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep/MT), em Várzea Grande, parte de gestores e dos técnicos da alimentação escolar (antigas merendeiras), que registram cortes na aquisição de produtos alimentares e redução dos recursos para o atendimento dos alunos matriculados, em 2018.
Para o Sintep esse é mais um golpe na gestão democrática das escolas. A secretaria de Estado de Educação, Esporte e Lazer (Seduc) passa a definir unilateralmente quais os cardápios devem ser oferecidos e a quantidade de comida que pode ser comprada. O resultado são situações como a que relata uma técnica de alimentação escolar na Várzea Grande, que prefere não se identificar. “A escola que atuo tem cerca de 400 alunos por turno e a maioria faz as refeições. Dos oito quilos de arroz que comprávamos por semana, a Seduc cortou para cinco”.
Segundo a secretária de Formação Sindical da subsede de Várzea Grande, Vânia Maria Rodrigues Miranda, no Ceja Licínio Monteiro, também na VG, até o vinagre utilizado para a higienizar verduras foi cortado. “Das duas embalagens que usavam por semana, agora terão direito a cinco para o ano”, diz.
Vânia que acompanha a Câmara de Alimentação Escolar de Várzea Grande, destaca que o corte da merenda é resultado da falta de compromisso do governo Taques com a Educação. “O governo federal faz dez repasses anuais para a merenda, por volta do dia 5 de cada mês. A Seduc deveria fazer e não faz, o mesmo número de complementações. Além disso, demora cerca de 20 dias com o dinheiro em caixa, antes de repassar para escolas”, revela.
A vice-presidente do Sintep/VG, Leiliane Cristina Borges, que é professora da rede estadual, não se conforma com a falta de comunicação interna da Seduc. Todo os anos, segundo ela, as escolas são obrigadas a repassar o número de alunos para que ocorra a complementação dos recursos, já que o dinheiro federal chega com base nas matrículas do ano anterior. “Esses valores são atualizados só no segundo semestre, e não são retroativos, ou seja, o gasto anterior não é reposto, nem mesmo pela Seduc. E mais, se é Seduc que controla o número de matrículas de cada escola, como eles não têm a informação”, questiona a incoerência.
O descaso do governo exige que a gestão da escola faça malabarismos para garantir o direito dos estudantes. Quando não é possível, o aluno acaba prejudicado, ficam sem alimentos ou sem aula. A falta da comida faz com que os gestores dispense as turmas mais cedo, como ocorreu em Várzea Grande no início do ano. “Fevereiro iniciaram as aulas, mas os recursos chegam em março e o governo do Taques não faz complementação”, argumenta Leiliane.
Para Anadelma Borges, também da direção do Sintep/VG, que acompanha o Conselho de Alimentação Escolar, o atraso dos repasses vem provocando transtornos nas escolas, porque sem dinheiro os gestores são obrigados a comprar “fiado”, o que provoca um aumento de nos custos. “A situação se agravou no governo Pedro Taques quando se instalou na Seduc uma prática de não enviar o último repasse para as escolas. Com a história de enviar no outro ano, o governo tem “economizado” as custas dos estudantes”, afirma.